Caso JK: Perito da Polícia Civil de MG confirma a Comissão da verdade versão de atentado que vitimou o ex-presidente e seu Motorista.

Caso JK: Perito da Polícia Civil de MG  confirma a Comissão da verdade versão de atentado que vitimou  o ex-presidente e seu Motorista

A Polícia Civil de Minas Gerais terá de explicar à Comissão da Verdade da Câmara de Vereadores São Paulo como e por que o crânio do motorista do ex-presidente Juscelino Kubitschek, Geraldo Ribeiro, foi esfacelado durante a exumação do seu corpo, em 1996. A comissão admite chamar a polícia mineira para prestar esclarecimentos depois do depoimento do perito Alberto Carlos de Minas, 68. Na última quarta-feira, ele disse que viu o crânio ser retirado – intacto e com uma marca de tiro – de dentro do Cemitério da Saudade, em Belo Horizonte, para ser analisado no Instituto Médico Legal (IML).

Para o perito, o crânio foi destruído propositalmente. Alberto de Minas conta que acompanhou, a pedido da família e com autorização da polícia, a exumação que pretendia provar que Geraldo Ribeiro foi vítima de um tiro antes de se envolver no acidente em que morreu e que matou JK, em 1976. “Vi o crânio sair intacto com uma marca claramente provocada por uma arma de fogo”, afirma o perito especialista em análises de balística.

No entanto, pouco tempo depois, o IML informou que o crânio havia sido encontrado esfacelado e que não era possível verificar se o motorista havia sido atingido por uma bala. O laudo necroscópico divulgado na época, de acordo com o presidente da comissão, vereador Gilberto Natalini (PV), trazia fotos com o crânio totalmente quebrado. Segundo Natalini, o documento do IML jamais foi divulgado na íntegra.

“Na nossa avaliação, o crânio foi danificado propositalmente durante a exumação. Queremos saber o que de fato ocorreu em Minas. Este assunto sempre foi um tabu para a polícia. Naquela época (1996), o sistema repressivo ainda tinha resquício na polícia e se mantinha organizado. A corporação sempre teve dificuldades de tratar o assunto”, afirmou.

O perito também é categórico ao dizer que o material foi alterado. “Faltou vontade política para desvendar o caso quando ele foi reaberto. Os restos foram destruídos para que tudo fosse perdido”, disse Alberto de Minas.


Silêncio

Resposta. A Polícia Civil de Minas informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que só irá comentar o caso da exumação do motorista de JK depois de ser notificada oficialmente.

O que o senhor se lembra de ter visto durante a retirada dos ossos?

Vi o crânio ser retirado intacto de dentro da caixa de ossos, com um orifício que era compatível com o de uma arma de fogo. Uma pessoa levantou o crânio e mostrou a todos que estavam lá. Ee estava a cerca de três metros e me posicionando para fotografar quando os policiais fizeram uma barreira e me impediram. Disse que também era policial, mas disseram que eu era um mero convidado ali.

 

Alberto Carlos de Minas: perito criminal

“Destruíram tudo para que as provas fossem perdidas”


Por que o senhor estava lá?

Eu era o perito indicado pelo Serafim Jardim, que provocou a reabertura do caso, para acompanhar a retirada do crânio.


O senhor pode dizer que era uma marca de tiro?

Sim. Sou especialista e posso afirmar que tinha todas as características de ter sido provocado por uma arma de fogo.


Depois disso, o senhor soube qual foi a conclusão do laudo da exumação feita pela polícia?

Me surpreendi quando disseram que o crânio havia sido encontrado esfacelado. Pois eu o vi intacto. Ele foi propositadamente destruído durante a exumação. Os motivos eu não sei, mas foi destruído para que tudo, todas as provas fossem perdidas.


O senhor acredita que o caso será desvendado?

A cada dia é mais difícil encontrar uma prova cabal. Mas os depoimentos e os outros indícios já são suficientes para provar que JK foi vítima de um atentado. O mais importante é confirmar essa tese. Hoje, para a história, não importa mais quem matou ou quem executou o crime, mas sim que ele existiu. (TT)

 

Fonte: O Tempo