Déficit de policiais e necessidade de concurso para a Polícia Civil é denunciado pelo Presidente do SINDPOL/MG.

Déficit de policiais e necessidade de concurso para a Polícia Civil é denunciado pelo Presidente do SINDPOL/MG.

Com o término do prazo de validade do último concurso para a Polícia Civil de Minas Gerais, realizado em 2008 e a elevada carência no quadro de pessoal, conforme apontou o presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (SINDPOL/MG), Denílson Martins, cresce a expectativa com relação a realização de outro concurso. Outro fator que pode contribuir para o reforço de pessoal é a reeleição do Governador Antônio Anastásia que, em entrevista á Folha Dirigida, disse que havendo necessidade, será realizado concurso para repor pessoal.

“Precisamos de concurso imediato para os cargos de delegado, escrivão, perito, investigador e principalmente, para médico legista. Nós temos no Norte do Estado uma situação delicada, onde os falecidos são enterrados em cova rasa para depois de três ou quatro meses ser feita a exumação, pois não temos o número de profissionais compatíveis com a atual demanda. Isso é muito sério. O município de Nanuque vive esse problema”, ressaltou Denílson Martins.

Segundo o sindicalista, o órgão já sofre consequências dessa carência. “a falta de pessoal atrapalha o trabalho da Polícia Civil de Minas Gerais. No último dia 27 iria ocorrer a suspensão de funcionamento de plantão de duas delegacias regionais da região leste, que responde por seis delegacias (aproximadamente) e sul. Isso só não aconteceu graças às manifestações que fizemos dias antes. Com isso, o governo decidiu voltar atrás, mas não é uma questão definitiva. Caso ocorra, o cidadão ficará desassistido aos finais de semana e principalmente à noite”, adiantou.

Denílson Martins aponta qual seria o efetivo ideal para suprir a demanda. “O número ideal para suprir a demanda de serviço seria de 18.500 servidores, no mínimo. Atualmente, temos o mesmo efetivo que tínhamos nas décadas de 80 e 90, isso já mostra a incompatibilidade, pois a população e a cidade cresceram e os concursos diminuíram a frequência de realização. O efetivo previsto por lei é de 12.250 servidores, só que não chegamos a esse número em razão dos baixos salários, pela imprevidência do Estado em não realizar concurso. Não há um plano de carreira definido que pudesse incentivar o servidor a ingressar na corporação, não há uma política de incentivo à profissionalização”, esclarece.

De acordo com o presidente, as unidades também enfrentam muitos problemas. “A infraestrutura de nossas unidades é outro ponto que nós atentamos em nossas reivindicações. Os prédios não são padronizados. Na maioria das vezes não são de propriedade da Policia Civil, são cedidos por prefeituras ou outros órgãos e improvisados, de modo que as adequações não estão compatíveis com a demanda policial. As condições de trabalho não são as melhores, isso tudo implica numa má saúde para o servidor e, por conseqüência, baixa a auto-estima”, declarou.
“Sou um defensor, um propagador dessa necessidade, a gente entende que o Estado e a Administração Pública são uma ficção jurídica, não existem, se materializam através das ações de seus entes, de seus funcionários. Então, só com servidores qualificados, concursos públicos renovados que vamos ter uma melhor qualidade no serviço público”, finalizou.

Matéria publicada no Folha Dirigida de 3 a 17 de novembro de 2010