Delegado é afastado do cargo

Um mês após o delegado Cláudio Freitas Utsch Moreira indiciar e pedir a prisão preventiva de três sócios e de um funcionário da extinta transportadora de valores Embraforte, ele foi dispensado do cargo de chefe da Divisão Especializada de Investigação de Fraudes (Deif), em Belo Horizonte. Ocorrida nesta semana, a saída do policial foi publicada em boletim interno da Polícia Civil no último dia 14 e confirmada pelo chefe da corporação, Wanderson Gomes. O afastamento ocorre justamente no momento em que o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) devolve o inquérito para a delegacia, possivelmente com pedido de mais investigações.

A Embraforte, que tinha sede na capital, é suspeita de desviar R$ 22,7 milhões do Banco do Brasil, para o qual prestou serviço entre os anos de 2007 e 2013. Pelo golpe milionário, mostrado com exclusividade por O TEMPO em junho, foram indiciados os sócios Marcos André Paes de Vilhena e seus filhos Pedro Henrique Gonçalves de Vilhena e Marcos Felipe Gonçalves de Vilhena, além do gerente e braço direito dos proprietários, Mário Pereira de Carvalho.

Na conclusão do inquérito, Utsch Moreira afirmou que o esquema se deu à sombra do prestígio da irmã e tia dos donos da Embraforte, a secretária de Estado de Planejamento de Minas entre os anos de 2006 e 2014, Renata Vilhena. A investigação gerou conflito interno na Polícia Civil, já que o delegado relatou indícios de que policiais responsáveis anteriormente pelo caso teriam protegido Marcos Vilhena e seus dois filhos. Ele chegou a pedir o afastamento de seu antecessor, César Matoso.

Dispensa. O chefe da Polícia Civil, Wanderson Gomes, afirmou, no entanto, que a dispensa não tem qualquer relação com o inquérito da Embraforte. “Esse caso foi concluído por ora e entregue para a Justiça. O que aconteceu é que muda governo, muda chefia. Vários cargos foram substituídos, não foi só na divisão de fraudes”, justificou Gomes. Ele não informou quem será o novo chefe do Deif e ressaltou que o setor passa por remodelagem.

Utsch Moreira não quis comentar o motivo de sua saída do cargo. Ele disse que continua atuando como delegado da divisão de fraudes – porém não na chefia – e que não deve mais cuidar do caso Embraforte, mesmo se investigações futuras forem necessárias. “Certamente outro delegado vai presidir”, afirmou.

Na 12ª Promotoria de Justiça Criminal, a informação é que o inquérito foi devolvido à Polícia Civil na semana passada. A promotora Nidiane Moraes, responsável pela análise do caso, não foi encontrada para comentar o motivo da devolução. A Polícia Civil informou que ainda não recebeu o documento.

Indiciamento

Crimes. Os sócios e o gerente da Embraforte foram indiciados por estelionato, apropriação indébita, associação criminosa, falsidade ideológica, crime continuado e crime contra o sistema financeiro.

Fonte: O Tempo