Diretor do SINDPOL/MG Regional Zona da Mata denuncia as péssimas condições das delegacias de Juiz de Fora, Rio Novo e Senador Firmino.

Diretor do SINDPOL/MG Regional Zona da mata denuncia as péssimas condições das delegacias de Juiz de Fora, Rio Novo e Senador Firmino

Delegacias da Polícia Civil vivem situação precária na região

Na última semana, o Fantástico mostrou as condições precárias das delegacias da Polícia Civil em algumas cidades da Zona da Mata. A equipe do MGTV esteve em Senador Firmino e Rio Novo. Nas duas unidades flagrantes de ftvpnorama+juiz+de+fora+denuncia03.jpgalta de delegado e problemas estruturais no prédio onde funciona o presídio.

Senador Firmino

Uma cidade sem delegado. Esta é a situação enfrentada por Senador Firmino, município de sete mil habitantes, que fica a 132 quilômetros de Juiz de Fora.
A delegada titular está de licença médica há um ano. O substituto é de Ubá e, de acordo com ele mesmo, só vai a Senador Firmino duas ou três vezes por semana.
O caso foi mostrado no Fantástico do último dia 06 de fevereiro. Os repórteres do MGTV André Ochiucci e Humberto Campos foram até a delegacia e não encontraram o delegado. Depois de muita espera, o delegado apareceu, mas não quis gravar entrevista. Confirmou apenas que está lá para cooperar e o fato da cidade só ter uma viatura não prejudica a comunidade.

Outra equipe do MGTV voltou à cidade para conferir a situação. O primeiro funcionário que os recebeu na delegacia não quis conversa. Quando perguntaram se o delegado estava, ele respondeu que não sabia e, irritado, pediu que desligassem a câmera.
Outro funcionário, sem saber que estava sendo gravado, contou uma nova versão. Explicou que o delegado saiu de férias e por isso a cidade estava sem delegado. Muitos moradores preferem não comentar o assunto. Os que falaram, criticaram. Um deles disse que acaba desistindo de registrar qualquer queixa.

Rio Novo

Um prédio centenário abriga o presídio de Rio Novo, onde 28 detentos cumprem pena. Em dezembro de 2010, um relatório do Sindicato dos Servidores da Polícia do Estado de Minas Gerais (SINDPOL) apontou precariedade na estrutura do presídio, alertando para riscos de incêndio na unidade e até fuga de presos.

tvpnorama+juiz+de+fora+denuncia02.jpgA equipe de reportagem do MGTV esteve no local, mas não foi autorizada a gravar no interior da delegacia. Não havia policiais naquele momento e o repórter foi recebido por um detento. Quando chegou, o delegado Álvaro Alvarenga disse que não está autorizado a conceder entrevista. Mas em conversa com a equipe de reportagem, confirmou que alguns presos trabalham no local em regime de redução de pena. Disse também que o número de policiais é reduzido.

Juiz de Fora

Em Juiz de Fora, os problemas estruturais existem, mas para o SINDPOL, a falta de profissionais é o principal problema.
Na hora de registrar uma ocorrência, dificuldade. Na delegacia em Juiz de Fora, a advogada Cláudia Zimmerman não contava com a espera de 12 horas e meia. Ela chegou as 17h e só conseguiu sair às 5h30 do dia seguinte. O motivo de tanta demora estaria na falta de profissionais, de acordo com o sindicato dos servidores. Em Juiz de Fora, são 243 policiais civis. O número é considerado bem abaixo do necessário para a região.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o ideal seria um policial para cada mil habitantes. Seria preciso pelo menos mais 300 servidores na cidade. Segundo o diretor do SINDPOL – Regional Zona da Mata Sub sede Juiz de Fora, Dr. Marcelo Armstrong, faltam principalmente cerca de 150 profissionais para o cargo de investigador de polícia e 60 escrivães.

Na delegacia no bairro Santa Terezinha, em Juiz de Fora, os repórteres do MGTV constataram alguns flagrantes. Na sede da Polícia Militar, que fica dentro da delegacia da Polícia Civil, só um computador funciona. Os outros estão parados. Na entrada do plantão da Polícia Civil, vários materiais de apreensão jogados ocupam o espaço dos investigadores. Nas delegacias distritais que a equipe de reportagem procurou, ninguém quis gravar entrevista com medo de represálias. Mas os dados falam por si.
O resultado da falta de efetivo nas delegacias acabam refletindo no atendimento à população. Na 5ª Delegacia Distrital, por exemplo, são apenas quatro investigadores para atender 25 bairros: uma população de 100 mil pessoas e mil ocorrências por mês. Por conta disso, só dá pra resolver 25% do total de ocorrências.tvpnorama_juiz_de_fora_denuncia02.jpg
O mesmo problema acontece na delegacia que cobre a zona Norte, segundo o SINDPOL. São quatro investigadores para uma população de 150 mil pessoas. Com isso, muitos crimes e delitos acabam ficando sem solução. O diretor do SINDPOL relata que os policiais acabam tendo que medir a gravidade das ocorrências para dar prioridade às mais graves.

A produção do MGTV fez contato com a Polícia Civil para saber se há previsão de contratações e melhorias nas delegacias mostradas na reportagem. Mas não obteve retorno.

 

Fonte: Globo.com

Publicado em 15/02/2011 às 09:15

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