Sinais prévios podem ajudar na prevenção do suicídio

Sinais prévios podem ajudar na prevenção do suicídio

Publicado em: ExternasRádio – 4 de setembro de 2015

 

Na semana do Dia Mundial de Prevenção do Suicídio (10/09), Saúde com Ciência dedica série ao tema

Existe um mito de que o indivíduo que vai se matar não fala sobre isso. As pessoas tendem a achar que aquela pessoa quer somente chamar a atenção, mas toda comunicação de uma intenção suicida – problema de saúde pública no Brasil – deve ser levada a sério.

É o que afirma o psiquiatra e professor titular do Departamento de Saúde Mental, Humberto Correa. “A imensa maioria dos suicidas comunicou a pessoas próximas nos dias, semanas anteriores, sobre esse desejo”. Aos indivíduos com esse tipo de comportamento, Correa indica um serviço especializado para avaliar a situação de cada um e iniciar rapidamente um tratamento, antes que eles atentem contra a própria vida.

Na maior parte dos casos, o suicídio está associado a problemas psiquiátricos, como a depressão e o transtorno bipolar. O uso do álcool e outras drogas pode agravar quadros de tristeza, desânimo, falta de interesse e de perspectiva de vida. Nas últimas décadas, houve um aumento considerável na mortalidade em jovens, dos 15 aos 30 anos, sendo que os idosos, a partir dos 60 anos, encabeçam essa lista. “No Brasil, morrem por suicídio três a quatro vezes mais homens do que mulheres”, estima Correa.

Em números gerais, o suicídio vem crescendo de forma lenta, mas progressiva no país. Hoje, calcula-se que aconteçam cerca de 12 mil suicídios por ano – média de trinta óbitos por dia. Esse dado, no entanto, pode não corresponder à realidade, devido a ineficiência dos sistemas de registros e, principalmente, ao medo ou vergonha dos familiares em admitir o ocorrido.

“Um assunto que é tabu a gente não fala, a gente não discute e, no entanto, é um assunto de saúde pública”, declara Humberto Correa.

Prevenção

Como está quase sempre associado às doenças psiquiátricas, é urgente a criação de políticas públicas que ofereçam acompanhamento psicológico e psiquiátrico, tanto para as pessoas que já tentaram cometer suicídio quanto para quem apresenta distúrbios, como a depressão.

Sobre a família, o psiquiatra pede pra ela observar com atenção sinais como tristeza patológica e falta de interesse, além de expressões que demonstrem a vontade do indivíduo em deixar de viver. “Muitas vezes, além de conversar, a ajuda vai ser encaminhar para um tratamento, seja psicoterápico ou medicamentoso”.

Outra estratégia é oferecida pelo Centro de Valorização à Vida (CVV), organização sem fins lucrativos destinada a escutar essas pessoas. Segundo a voluntária do CVV em Belo Horizonte, Ordália, seu trabalho é ouvir as pessoas que estão em crise, que queiram desabafar. “Então elas ligam pra cá e são ouvidas com respeito e sigilo. O que a gente conversa fica entre o voluntário e a pessoa que ligou”, garante.

Sobre o programa de rádio

Saúde com Ciência, que apresenta a série “Semana de Prevenção do Suicídio” entre os dias 7 e 11 de setembro, é produzido pela Assessoria de Comunicação Social da Faculdade de Medicina da UFMG e tem a proposta de informar e tirar dúvidas da população sobre temas da saúde. De segunda a sexta-feira às 5h, 8h e 18h, ouça o programa na rádio UFMG Educativa, 104,5 FM.

Ele também é veiculado em outras 162 emissoras de rádio, que estão inseridas nas macrorregiões de Minas Gerais e nos seguintes estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe, Tocantins e Massachusetts, nos Estados Unidos.

Fonte: UFMG